Na exposição de fotografia procuro transmitir os sentimentos, o impacto visual da imagem Alentejo, valorizando e promovendo a reflexão sobre esta região.
"Alentejo Não Tem Sombra" é uma exposição fotográfica onde uma curiosa fotógrafa amadora, uma alentejana apaixonada pelo Alentejo, pretende transmitir o Alentejo, através da imagem das gentes, paisagens e do património edificado.
Imagine um candeeiro a petróleo a arder, numa casa de paredes brancas, numa noite mágica em que os cabelos brancos e as rugas são bordados com palavras cantadas numa melodia doce :
“Alentejo não tem sombra
Senão a que vem do céu,
Assenta-te aqui amor
À sombra do meu chapéu.”
Senão a que vem do céu,
Assenta-te aqui amor
À sombra do meu chapéu.”
cantiga popular
Gentes
O vento sopra de mansinho num cante arrastado, enquanto nos campos ondulados de trigo os movimentos ritmados fazem lembrar os grupos de cante.
A fé do alentejano é veiculada no cante magoado, num destino traçado, na noite que adivinha.
O chão recebe apenas as lágrimas dos que deixam de acreditar… e as ribeiras essas continuam a correr brilhantes e calmas, sozinhas.
No horizonte o sol vai alto, o calor faz suar o trigo que protege a papoila vermelha, fresca, sadia, nascida na braveza e, às vezes, perdida.
Na imensidão da planície erguem-se, vestidos de branco cal, os montes baixinhos, de paredes largas e irregulares, desenhando a base de uma pirâmide com o topo em vermelho barro, é esta a arquitectura tradicional.
O calor adormece com o piar da coruja, a lua revela as sombras que se esconderam nas cores do dia. O Alentejo à noite tem cheiro a esperança, proporcionado pela lembrança e reforçado pelo “viver”.
Acreditar na visão, numa outra razão é a origem do saber. Acreditar no Sonho e trazer o seu dono para a terra da saudade, mas o dono da verdade!
Levanta-se o olhar de planície, grita-se a nossa história, o eco faz soar por todo o lado: Sei quem era, hoje sem sombra quero acreditar sempre – ALENTEJO.
Lénia Santos
Gentes
Paisagem Natural
”Geme o restolho triste e solitário, a embalar a noite escura e fria e a perder-se no olhar da ventania, que canta ao tom do velho campanário.
Geme o restolho preso de saudade, esquecido, enlouquecido, dominado, escondido entre as sombras do montado, sem forças e sem cor e sem vontade.
Geme o restolho a transpirar de chuva, nos campos que a ceifeira mutilou, dormindo em velhos sonhos que sonhou, na alma a mágoa enorme, intensa, aguda. Mas é preciso morrer e nascer de novo, semear no pó e voltar a colher, á que ser trigo depois ser restolho, á que penar para aprender a viver. A vida não é existir sem mais nada, a vida não é dia sim, dia não, é feita em cada entrega alucinada para receber daquilo que aumenta o coração. “
Mafalda Veiga
”Geme o restolho triste e solitário, a embalar a noite escura e fria e a perder-se no olhar da ventania, que canta ao tom do velho campanário.
Geme o restolho preso de saudade, esquecido, enlouquecido, dominado, escondido entre as sombras do montado, sem forças e sem cor e sem vontade.
Geme o restolho a transpirar de chuva, nos campos que a ceifeira mutilou, dormindo em velhos sonhos que sonhou, na alma a mágoa enorme, intensa, aguda. Mas é preciso morrer e nascer de novo, semear no pó e voltar a colher, á que ser trigo depois ser restolho, á que penar para aprender a viver. A vida não é existir sem mais nada, a vida não é dia sim, dia não, é feita em cada entrega alucinada para receber daquilo que aumenta o coração. “
Mafalda Veiga
Paisagem Natural
Património Edificado
Com o vagar da sombra na lonjura,
Que a tarde entorna sobre o descampado,
A distância prolonga-se e perdura para lá deste tempo limitado. Vem de longe o aroma a terra pura, repetir as lavoiras do passado e eu sou a mais Estranha criatura, sobre a terra que sonha o céu estrelado. E o poente põe luzes na cidade, mas a cidade nem sequer supõe a luz dolente que o Poente encerra. Nada me sei todo me sinto e há-de ser sempre assim que o sol quando se põe me põe a mim a prolongar a terra.
Paulo Ribeiro
Património Edificado
1 comentário:
Lindo, muitos parabéns, o Alentejo é lindo mesmo sem sombra.
Alentejo da saudade e da beleza
E das sombras que não tem
Da nobreza das suas gentes
Que encata que cá vem.
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